Não nascemos com 1,60 pesando 60kg!
Hoje resolvo começar a nossa coluna mensal fazendo uma brincadeira com esse tema, tão delicioso.
Essa provocação faz muito sentido especialmente num tempo em que a ansiedade tomou conta das nossas vidas, quase que de forma generalizada.
Ao longo dos anos tenho me deparado, aqui no divã do consultório, com inúmeros pacientes que relatam suas angústias, dúvidas, medos e inseguranças que são frutos dos processos que se desdobram dessa tal ansiedade.
Tenho conversado com muitas pessoas no sentido de orienta-las quanto a naturalização da ansiedade enquanto estado que faz com que a gente desenvolva o preparo prévio diante de uma situação difícil, complexa ou até mesmo nunca vivenciada antes, até mesmo como uma forma de defesa do organismo.
Esse mecanismo é parte do nosso processo evolutivo uma vez que a ausência dele nos colocaria diante de riscos reais sem qualquer chance de auto defesa.
O problema começa quando o excesso do medo provocado por potenciais ameaças (nem sempre reais), muitas vezes provenientes das nossas fantasias, faz com que estejamos em excesso de alerta o que, por sua vez, promove a paralisação do nosso sistema ao invés do enfrentamento da questão.
Isso tudo faz com que cada vez mais busquemos por soluções prontas, atalhos e respostas rápidas sem necessariamente esperar o tempo que as coisas levam para maturar, de forma natural.
O tema dessa coluna traz a provocação de refletirmos profundamente sobre as nossas ações e os impactos delas inclusive em relação à nossa saúde como um todo.
É verdade, não nascemos altos e tampouco com o peso de uma pessoa adulta.
Esse processo é uma construção que nos faz pensar sobre todas as questões, relações e dificuldades naturais que a vida nos impõe durante a nossa jornada.
Por isso é de extrema importância que o tempo seja nosso aliado e não deixemos ocupar o espaço do tempo, a ansiedade que nos acelera pela busca de soluções ao invés de contribuir para a construção de cada uma delas. Nascemos bem, mas bem pequenos.
Pesamos pouquíssimos quilos, alguns prematuros pesam gramas inclusive, e nosso processo de desenvolvimento e maturação se dá de forma orgânica com tempo, cuidado, nutrição, afeto e repetição das coisas.
Quando atingimos a vida adulta, o ideal é que esse crescimento tenha sido respeitado para fazermos jus ao corpo e estatura que hoje carregamos.
Por isso, cada dor, cara luta, cada dificuldade… a seu tempo.
Não façamos de problemas recém nascidos uns gigantes que nos enterram sem qualquer chance de compreendermos que quem manda nos problemas somos nós, adultos e não o contrário.
Tratemos bebês como bebês e adultos como adultos.
Pense nisso!
Até a próxima coluna.
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