O casal Roberto e Daniella Lunardelli no centro da plantação da Fazenda da Mata Orgânicos, em Goiás.

Legado de família, sonho estruturado que se sonha junto é realidade na Fazenda da Mata Orgânicos

O percurso vitorioso da família Lunardelli para produzir orgânicos em escala, com qualidade e acessíveis para todo o Brasil. E ainda, saiba como o novo Programa Econômico Social da Mata capacita e entrega protagonismo às mulheres negras no agro orgânico do Brasil. 

Por Kétia Bagnarelli, exclusivo.

 

De acordo com uma pesquisa da Shopper Experience em parceria com a SuperVarejo, quatro entre dez pessoas que compram FLV (sigla para frutas, verduras e legumes) consomem itens orgânicos, tais como alface, tomate, banana, morango e brócolis. O resultado só não é maior porque o consumo ainda esbarra em questões como o alto preço, a falta do produto no ponto de venda ou a desconfiança sobre a procedência dos alimentos. Entretanto este cenário no Brasil vem mudando principalmente pela atuação da Fazenda da Mata na liderança da produção, distribuição e comercialização de alimentos orgânicos para as grandes redes varejistas.

Nós entrevistamos com exclusividade o casal Lunardelli, proprietários da Fazenda da Mata Orgânicos, numa experiência disruptiva para toda a nossa redação. A nossa conversa com Roberto e Daniella foi online por videoconferência ao final de uma tarde comum de quarta feira. Na imagem do computador, que não era perfeitamente nítida nos chamava a atenção, a princípio, a bela obra de arte e os quadros compondo a sala que escolheram para falar conosco. Sorrindo, em frases suaves e pontuais o semblante do casal era de plenitude, afinal estavam comemorando mais uma etapa vitoriosa.

A medida que íamos lhes questionando nos respondiam em sincronicidade, um interrompendo a fala do outro para complementá-la, como se estivessem numa grande e bela orquestra harmônica. A seguir, na íntegra, direto de Goiás a narrativa deste sonho empresarial estruturado que leva os orgânicos cada vez mais para a casa de todos os brasileiros.

Momento da entrevista online direto de Goiás

 

Roberto: Eu e Dani, marido e mulher, somos paulistanos e nos mudamos para Goiás há quatro anos e meio. Tanto eu quanto Daniela viemos de carreiras executivas e eu, particularmente, passei minha vida empresarial trabalhando com comércio internacional. Em algum momento começamos a entender que havia uma pedra preciosa aqui onde sempre tivemos uma fazenda.

Daniella: O bisavô dele foi inserido na literatura mundial como um dos que recebeu o título de Rei do Café. Por isso a ligação da família com a fazenda. Essa dinastia se manteve.

Roberto: Meu bisavô que veio da Itália capinando café se tornou um grande empreendedor. Meu avô foi um grande desbravador também, fazendeiro assim como meu pai que chegou a desbravar fazendas no Sul do Pará, mas por algumas razões mudou radicalmente o estilo de vida e se tornou um protetor. Meu pai atualmente é um ambientalista. Dani e eu não tínhamos ainda essa pegada rural mas tínhamos essa propriedade em Goiânia e por várias razões começamos a entender que valeria a pena olhar com um pouco mais de carinho para essa área. É uma propriedade que está muito bem localizada entre Goiânia e Brasília, dentro de uma área de proteção ambiental e tem cerca de 60% da sua área preservada entre matas, nascentes e o principal rio de águas limpas que abastece a cidade de Goiânia, o Ribeirão João Leite.Ao longo da nossa vida, especialmente nos últimos anos, estávamos acompanhando o crescimento e a consolidação do mercado dos orgânicos, principalmente lá fora. Nós sempre tivemos interesse em buscar uma alimentação mais saudável, com produtos íntegros, mas tínhamos dificuldade de encontrar produtos assim em São Paulo. Existiam poucos produtores, e produtores menores, o produto não era de boa qualidade o ano todo, nem sempre se tinha disponibilidade, os preços ainda eram um pouco altos, nós entendemos que tanto para nossa vida pessoal quanto para empresarial seria um desafio incrível nos mudarmos para cá com nossas duas filhas, dois cachorros e um cavalo, com a proposta de montar uma empresa com três pilares fundamentais na produção de orgânicos;

Produzir em alta escala – isso vai permitir atender a todos…

Daniella:que era um grande desafio há quatro anos atras bem maior do que agora porque já é uma realidade e produzir escala sempre foi uma quebra de paradigma.

Roberto continua: Preço competitivo – novamente a escala nos permite, e para que eu possa fornecer para todos eu preciso do preço competitivo. E produção de qualidade o ano todo. Esse era o tripé, e o desafio estava em como fazer isso. Entramos numa grande imersão em estudos para entender qual seria a escola que se encaixaria melhor em nossa proposta, porque a produção dos orgânicos tem várias escolas, vários caminhos, depende do que você quer. Fomos visitar vários produtores, tanto nacionais quanto internacionais, montamos um plano de negócios entendendo que de fato, seria uma empresa profissionalizada com cronograma de crescimento. Montamos uma equipe com agrônomos que já traziam uma bagagem na produção de orgânicos, trouxemos inclusive sócios capitalistas para que dessem musculatura porque é um desafio que realmente demanda uma estruturação fortíssima, ainda mais quando você fala em longo prazo com a intenção de se tornar um dos grandes players do mercado de produtores nacionais. E sócios estes que tinham uma história conosco com começo, meio e fim. Nesta semana, inclusive, nós concluímos a compra das cotas deles.

Daniella: Cumprimos com aquilo que foi planejado para o crescimento.

Roberto: Passamos a ter 100% da empresa com muita alegria.

Daniella: Houve um momento em que o Brasil nos fez refletir muito sobre os caminhos que deveríamos escolher há sete anos atrás, onde precisamos de fato tomar a decisão de uma mudança de rota. Existia a certeza de querer criar algo que virasse um Legado, que fizesse diferença na vida das pessoas mas isso ainda era um pouco intangível e o Brasil naquela ocasião nos ajudou a entender que essa fazenda viraria um negócio para nós onde iríamos implementar aquilo que fizesse sentido na nossa vida.

Cookie, o cachorro apaixonante da família que ama os orgânicos da FDM.

Daniella: Aqui nós temos muita riqueza em água e pela qualidade do projeto, pela seriedade, proposta de mercado, tivemos todas as outorgas alcançadas, conquistadas, sabemos como é difícil acessar a água legalmente no Brasil. Tivemos todo apoio porque foi um projeto seriamente desenhado. Conquistamos acesso a essa água fundamental na nossa produção e de forma correta, preservando, protegendo.

Roberto: É super importante termos a abertura, a clareza e a possibilidade de mostrar que os resultados, aquilo que vamos conquistando é fruto de decisões, de estradas que você precisa escolher. Quando começamos a desenhar o nosso projeto a partir de uma página em branco literalmente, tínhamos muito interesse em exportar produtos orgânicos porque eu trazia isso em minha bagagem, minha escola empresarial. Para minha concepção, exportar um produto, seja alimento ou não, orgânicos ou não, é algo extremamente natural. A partir daí fomos estudando, fazendo uma imersão, entendendo, evoluindo pensamentos e ideias e chegamos ao ponto de concluir que o ideal seria iniciarmos uma empresa com uma produção de hortaliças e não frutas porque era um mercado com uma demanda em necessidade muito grande. Entendemos que esse seria o primeiro passo da empresa dentro de um planejamento. Continuamos pensando em exportação e em produção de frutas, inclusive eventualmente frutas desidratadas que tem um mercado fantástico na Europa.

Daniella: Voltando para a origem esse negócio se desenha com um início quase que, para quem está imerso no negócio, óbvio de como você deve começar, com culturas que tenham um ciclo que possa atender ao mercado necessitado de alimentos essenciais e em escala. Reunimos um time que entendia de escala e que trouxe a tecnologia de ponta até nós. Desenhamos um layout para entender qual era a vocação destes produtos para o mercado que seria atendido de imediato naquele ano e no ano seguinte. Largamos com esses alimentos essenciais de ciclos mais curtos e de larga escala presentes na mesa do maior número de consumidores possível.

Roberto: A gente sempre entendeu que criar uma marca era algo importante para os orgânicos, especialmente no Brasil. Um dos nossos benchmarking é uma grande empresa americana que também é empresa B e se chama Earthbound Farm, fica na Califórnia nos EUA, uma empresa de orgânico espetacular. Eles estão realmente lá na frente. Nós enxergamos desde o início que o nosso grande desafio era constituir uma marca que seja conhecida, associada a qualidade, que tenha credibilidade e preço competitivo…

Daniella: … que converse diretamente com o consumidor, explicando o que é o orgânico, a importância da produção porque muitos não sabem mas os protocolos são rígidos para produzir corretamente o orgânico com segurança alimentar.

Roberto: O que nos fez escolher o mix de produtos? Uma vez que optamos por atender redes de supermercado, não faz sentido produzirmos apenas tomate. Uma grande rede busca um fornecedor com um mix bem diversificado então procuramos montar um mix maior possível e para isso entrou uma inteligência que é mega complexa de como conciliar itens adequados dentro de uma rotação de cultura, dentro de uma área específica. Você começa a tomar as decisões do tipo se vai ter uma estufa, se vai plantar em campo aberto e o leque vai se abrindo, abrindo e abrindo. Nos primeiros dois anos de empresa tínhamos um mix de mais ou menos trinta e três itens, alguns sazonais, depois do segundo ano (já no ano passado) nós não duplicamos a área de terra mas duplicamos a área produtiva e reduzimos ligeiramente nosso mix para dar mais escala. Hoje nós temos vinte e nove itens e parcerias com produtores de várias regiões.

Daniella: Entra aqui o braço de distribuição da Fazenda da Mata. Nos propomos a ser produtores, distribuidores e em curso no planejamento, outras atividades que vão acontecer. Vale realçar a parte de distribuição, escoando as produções de alta qualidade mas ainda de médios e pequenos produtores que não acessam o mercado qualificado, esse know-how e essa estrutura que conseguimos construir, de acesso ao mercado qualificado de grandes redes, usamos para escoar a produção de grandes parceiros que hoje são homologados da Fazenda da Mata, que compartilham dos mesmos protocolos de segurança de orgânicos e de certificações. É uma via de duas mãos onde aumentamos a escala daquilo que fazemos melhor e agregamos produtos ao nosso mix de outras regiões com produtores que não são muito robustos ainda. A ideia é que o orgânico ganhe cada vez mais esse espaço e tomara que seja tudo orgânico no futuro.

Roberto: Em São Paulo eu fazia reuniões e lidava com empresas que eram dificílimas de assinar contrato, de repente chegamos aqui, no mercado de Goiânia, numa atividade de produção de orgânicos e em um dos primeiros clientes que nós fomos prospectar (íamos juntos, Dani e eu), levamos cestas de amostras de produtos recém colhidos, super frescos, caprichados, bonitinhos, nós nos apresentamos para essa grande rede como uma empresa estruturada. Como uma empresa com uma pegada profissional. Já se apresentando como uma empresa B onde muitos nem sequer sabiam o que era uma empresa B. Nós falávamos sobre manutenção e preço linear, sobre qualidade de produto o ano todo, sobre um mix completo e o que nós ouvíamos do outro lado da mesa era o seguinte: “Roberto que bom que você está aparecendo porque nós estamos procurando gente assim, fornecedores com esse perfil há anos.” Era uma alegria.

Daniella: Primeiro era um semblante de surpresa por parte da rede com a pergunta: “Vocês tem isso mesmo para me oferecer?”

Roberto: Eles perguntavam se poderíamos fornecer no dia seguinte. O mercado busca empresas que estejam se estruturando, se profissionalizando. Realmente nós iniciamos o nosso percurso não identificando dificuldades nesse sentido, a dificuldade real enxergamos nos pequenos detalhes do dia a dia e são muitas. O clima é uma dificuldade, a mão de obra é uma dificuldade, o produzir em larga escala é uma dificuldade, encontrar insumos homologados, liberados pela certificadora é uma dificuldade. Todos os pontos da nossa atividade são difíceis, a nossa logística e por aí vai, mas vejo tudo isso como parte do que qualquer outra atividade tem em relação a desafios, gargalos. Cabe a você como gestor trabalhar essas dificuldades e nós estamos a pouco menos de 4 anos de faturamento, vivendo quase quatro anos de muita dificuldade. Nosso trabalho é árduo, super difícil, mas seguimos muito firmes acreditando no futuro, no potencial desse negócio. Gostaria de explicar que a mão de obra é uma dificuldade porque quando falamos em larga escala não adianta pensar que o Roberto está com a enxada na mão e a Daniella está embalando os produtos, temos uma empresa com 62 colaboradores, precisamos ter qualificação no campo, logística, administrativo etc.

Quando falamos de campo e mão de obra, nós trazemos uma cultura no Brasil de colaboradores que querem fazer uma jornada mais curta de seis meses de trabalho e depois acessar um seguro desemprego, por exemplo. Nós temos aqui uma política salarial muito agressiva, muito boa. A faixa de salário que pagamos já é acima do mercado e não está atrelada a resultados, além do salário em carteira pagamos por uma produtividade.

Daniella: Esse é o primeiro passo para inserirmos uma política diferente de compartilhar a prosperidade, esse é um tema que para nós é muito claro. Pensamos em como poderíamos melhorar a vida desses colaboradores que são parte desse resultado, não compartilhando mais daquela velha política tóxica em que você espreme e tira tudo o que pode por um salário e uma vida estagnada desse seu colaborador.

Roberto: …você tem colaboradores que estão satisfeitos em ganhar o básico que está na carteira e não entregam mais de si pois para eles isso basta e nós temos que saber respeitar isso.

Daniella: A falta de perspectiva acaba limitando a sua mão de obra nesse sistema que prevalece e foi desta zona de conforto que nós decidimos sair para melhorar o contexto de produtividade e de vida do colaborador a partir de uma nova relação de trabalho. Foi essa dificuldade com a mão de obra que nos tirou da zona de conforto para pensar no que poderíamos fazer para mudar essa realidade de falta de motivação e de perspectiva.

Daniella Lunardelli, créditos da imagem: Fazenda da Mata Orgânicos

A carreira anterior da Daniella

“Minha carreira começou numa empresa importante de moda que enfrentou um problema muito sério, trabalhei 15 anos na Daslu. Foram 15 anos ao lado de uma grande mentora que admiro demais e que perdemos, que foi a Eliana.

Foi ela quem me trouxe para o mundo da comunicação para coordenar aquele momento de crise. Naquela ocasião ingressei no universo da comunicação e tive grandes mentores também, grandes jornalistas e grandes contatos. Atuei em projetos bem estratégicos, criamos um formato boutique de comunicar.

Hoje trago isso para a construção da nossa marca com muito cuidado em relação ao que queremos contar na mensagem que escrevemos, no material que é produzido. Realmente não poupamos esforços em ter a comunicação mais caprichada possível para que possam entender quais são as nossas mensagens e as nossas intenções. “

 

Programa econômico social da Mata capacita e entrega protagonismo às mulheres negras no agro orgânico

Frutos da Mata

“Frutos da Mata” é o nome dado ao Programa da Fazenda da Mata destinado a inclusão social, econômica e empresarial de mulheres negras ao campo. O casal nos conta como surgiu o projeto e em que fase se encontra atualmente.

Roberto: Falamos até então de questões empresariais e financeiras e agora vamos entrar num tema que envolve uma questão que para nós é muito importante que é a questão social. Entramos no Sistema B por causa disso.

Daniella: Os seus obstáculos podem ser transformadores, não os veja somente como uma grande dificuldade, pois amanhã você vai olhar por todas as perspectivas e perceber que a sua história mudou por causa das suas dificuldades e através da sua história você também mudou a vida das pessoas para melhor. A mão de obra é um fator humano que envolve a qualidade de vida de quem está trabalhando conosco, talvez o que estamos fazendo aqui possa influenciar o contexto nacional. Quando conquistamos o selo como empresa B, ele chegou para racionalizar, para sistematizar tudo aquilo que já tínhamos como valores. Com a pandemia ganhou entre nós muita força algo que sempre desejamos deixar como Legado: colaborar para inclusão de pessoas que vivem à margem, na vulnerabilidade, sem nenhuma chance na vida mas que carregam os mesmos sentimentos que nós temos como vontade de vencer, medos e alegrias. Temos um benefício de ter uma área bem grande de terra em que a gente pode se dar o direito de usar para um Programa como esse onde pessoas comuns excluídas sem profissionalização poderiam se tornar produtores de orgânicos. É importante para todos, queremos um mercado maior de produtores qualificados, queremos ter acesso a uma produção maior de orgânicos, é necessário que isso aumente e ao mesmo tempo quantas pessoas precisam dessa oportunidade? Estudamos e entendemos que existe um grupo extremamente vulnerável que é o grupo das mulheres negras que estão em último lugar na fila de oportunidades, são elas as que menos são acessadas. Começamos a conversar e a aproximar então outras Instituições acadêmicas e Ongs que pudessem nos orientar e todas elas compactuam do Programa e dos valores desse Programa.

Começou-se a construir o que hoje é o Frutos da Mata com todo o amparo acadêmico que essas mulheres vão receber para terem um mínimo de ferramentas possíveis para entenderem que elas vão gerir o próprio negócio, que terão uma estrada para construir e crescer, e elas terão ainda um amparo psicológico para que possam ser inseridas nesse contexto de negócios. O programa vai formar produtoras qualificadas com todo o nosso protocolo e nós vamos também nos beneficiar desses produtos de altíssima qualidade que serão escoados pela FDM para o mercado nacional. É uma nova tecnologia social que tem embasamento jurídico. Essas mulheres terão a independência delas dentro desse sistema, todas as tratativas de absorção da produção serão feitas em planilhas abertas, transparentes, com preços de mercado aplicados e com toda a estrutura da nossa marca disponível para elas produzirem.

 

Quem serão as beneficiadas do Programa Frutos da Mata

Pessoas do gênero feminino, preferencialmente negras, sem limite de idade;

Residentes em Nerópolis e Terezópolis (GO);

Mulheres com renda familiar até um salário mínimo;

Mulheres sem experiência anterior;

Mulheres sem formação específica;

Mulheres sem grau de escolaridade;

Mulheres com vontade de aprender;

Mulheres com sede de vencer por seus próprios méritos;

Roberto: O quanto maravilhoso pode ser uma iniciativa privada ter dentro de sua área produtiva empreendedoras mulheres negras que se tornarão especialistas na produção de alimentos íntegros? O resultado para elas também é maravilhoso porque hoje se encontram numa situação de completa invisibilidade e amanhã serão especialistas na produção de orgânicos, depois de amanhã elas até podem sair da área das terras da Fazenda da Mata e ter suas próprias terras cultivadas, dando lugar a outras pessoas no ciclo que se segue.

Daniella: Temos um time brilhante que foi reunido, essa é a grande novidade. O Frutos da Mata nasceu com um propósito muito forte e ele já é uma verdade para muita gente que já está entrando para validar a nossa iniciativa e é muito importante ressaltar que esse programa não é da Fazenda da Mata, ele não tem uma propriedade, ele é uma iniciativa legítima de nossa parte, mas a proposta é para que vire um modelo e se replique por vários setores da Indústria, do Varejo e que a partir daí todos possam adaptar o seu modelo de negócios para compartilhar essa prosperidade com o seu colaborador mudando esse formato de relação do velho sistema.

Estão conosco a Universidade Federal de Goiás, que entregará a essas mulheres certificado de aprendizagem da Federal, que é, inclusive, motivo de muito orgulho. Temos as duas Ongs para triagem dessas mulheres, temos a banca jurídica que está envolvida para entregar segurança para a Fazenda da Mata e para essas mulheres, a “Tre Investimento com Causa” que é um Fundo de investimento de impacto positivo e que faz toda a estruturação de recursos em captação filantrópica. Além do núcleo executivo formou-se o círculo estratégico que são as pessoas que estão à frente da tomada de decisões. Um deles é Marcos Pedote que no primeiro olhar nos fez acreditar que esse Programa poderia ser uma verdade, se tornando um padrinho desse projejto, um anjo, um grande incentivador. Formamos ainda um Conselho Consultivo com pessoas que escolhemos com muito cuidado e que tem uma atuação muito importante no mercado e nos projetos sociais. Uma das cadeiras do nosso Conselho é composta por uma pessoa que admiramos demais que é João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia, uma das primeiras empresas B no Brasil. Ele é incrível e se dispôs a nos apoiar.

Outro apoio incrível para nós foi o do Sistema B. Tivemos também o apoio da Glaucia Barros, diretora da Fundação AVINA no Brasil que é o que temos de referência em projetos sustentáveis e sociais.

Roberto: São cadeiras importantes de pessoas que darão respaldo para nosso Programa e transparência, além de solidez.

Daniella: Temos como foco alcançar todas as Instituições que destinam de forma filantrópica recursos e eles serão hospedados por um Instituto que atualmente hospeda todos os recursos da União BR/GO, que se chama Instituto Total.

Dentro do nosso planejamento e cronograma, nós estamos na etapa de captação dos recursos, parte dessa equipe dentro do círculo executivo e conselho consultivo são pessoas que já estão fazendo essa prospecção. É um Programa que tem um custo bastante alto. Boa parte desses recursos captados serão destinados para uma bolsa auxílio para todas as mulheres que participarem do Programa.Na sequência entraremos no processo de triagem, nessa triagem buscaremos um número grande de mulheres e um grupo será selecionado para entrar na qualificação técnica que será feita pelos professores da UFG, essa qualificação técnica se dará por três meses e ao longo desses três meses todas as mulheres irão receber uma bolsa de R$ 1.200,00 ao mês mais alimentação, mais condução e mais um kit com caderno, mochila, canetas etc. Depois deste programa de três meses na UFG elas irão para uma qualificação prática na FDM onde terão contato com a terra, por trinta dias começarão a esboçar uma produção com o apoio de nossa equipe e também com pagamento de bolsa auxílio nesse período, ainda no valor de R$ 1.200,00.Então aquele grupo final que conseguiu atingir capacitação para produzir de fato na Fazenda, segue recebendo a bolsa até que a produção se torne colheita.A Fazenda da Mata então começa a remunerar pela produção, deixando de remunerar a bolsa auxílio. A expectativa é que a partir de julho e agosto tenhamos essas mulheres produzindo.

A nossa entrevista foi chegando ao final e pedimos ao casal Lunardelli que nos deixasse uma mensagem de encerramento e, como durante toda a nossa estada online na sala deles, foram nos presenteando como num belo roteiro cinematográfico, um completando o outro, com o otimismo e a seriedade que carregam, acompanhados pelos semblantes brandos de sempre. A seguir a energia que constrói a história do agro orgânico revolucionário no Brasil. Aproveite, leitor.

Daniella: O momento trágico, histórico que estamos vivendo pede união naquilo que é possível ser cumprido por qualquer um, independente de classe, de escolhas. Independente de qualquer situação é possível cuidar e respeitar o próximo com atitudes simples, com distanciamento, com máscaras, com a lavagem das mãos. Além disso, se cada um puder pensar naquilo que é possível fazer pelo outro, doando alguma coisa, seja o seu tempo, seja algo que você produziu, seja o seu carinho ao cuidar do próximo.

A palavra de agora é união!

Roberto: Complemento pedindo nesse momento tão difícil que todos sejam solidários e que todos acreditem, é muito importante acreditarmos no futuro, acreditarmos em nosso país, em nosso povo, em nossos sonhos. É um momento complicado mas não deixem de acreditar nos seus sonhos.

Precisamos ter resiliência e perseverança.

Daniella: O sonho é conquistado com trabalho, com muita força de vontade, esse motor tem que ser ligado dentro de cada um de nós, pois muitas vezes as pessoas não tem força nem para se levantar.

Roberto: Acreditem nos seus sonhos, com muito trabalho, muito esforço, é possível para todo mundo chegar lá!

Imagens aérreas da Fazenda da Mata e o casal Roberto e Daniella Lunardelli

Berinjela, o lobo guará que escolheu morar nas terras orgânicas da Fazenda da Mata. Fotografado por Roberto Lunardelli.

Conteúdo de interesse