Teva Vegetal e Olivia Saladas, a jornada B de Daniel Oelsner e seus sócios no Brasil
“O Olivia e o Teva são marcas do Presente e do Futuro e cada vez mais faz sentido estar aqui. Precisamos entregar isso para as pessoas. ” Daniel Oelsner
O Teva Vegetais é certificado empresa B no Brasil e surgiu da coragem de se perseguir um sonho. O sonho de criar um bar e restaurante 100% vegetal e orgânico, com comida deliciosa, criativa e inovadora, mas ao mesmo tempo consciente. O Olívia Saladas, também empresa B nasceu da união de amigos antigos em prol de uma comida orgânica e prática. Quem nos conta como foi essa jornada é Daniel Oelsner, fundador e sócio de ambos.
“Sou sócio em comum nas duas marcas, o Teva e o Olivia, os dois nasceram em momentos parecidos com propostas parecidas, mas com propósitos diferentes. O Teva é um restaurante 100% vegetal. A proposta do Teva ainda é mudar a percepção que as pessoas tem de restaurante vegano, vegetariano. Aquela percepção de que é um espaço somente para vegetarianos e veganos, uma coisa meio dia, meio almoço, meio natureba. Nós quisemos trazer a comida vegetal para um outro patamar para que pudéssemos atingir um público que não é vegetariano e vegano e que esse público, aos poucos, fosse impactado e transformado para um modelo de alimentação mais sustentável. Nós acreditamos que a alimentação vegetal é melhor para as pessoas como um todo. Tanto para a saúde humana quanto para a saúde do planeta. Nós criamos toda uma experiência no Teva para atrair o público não vegano para o restaurante, em relação a ambiente,
a música, a comida, ao atendimento, aos drinks. A ideia é fazer uma comida muito boa com os vegetais. O propósito do Teva é tornar a alimentação vegetal atraente e apresentá-la como caminho para um futuro mais sustentável. Atraimos para experiência. Tanto o Teva quanto o Olivia já nasceram B porque eu e os meus sócios, que são meus amigos há muito tempo (Teva e Olivia tem sócios diferentes) trazemos estes valores genuínos dentro de nós. Não saberíamos fazer de outra forma porque é como vivemos e é no que acreditamos. Nós só comemos orgânicos, nós nos preocupamos com as pessoas, nos preocupamos com o meio ambiente, não consumimos plástico e em nossos restaurantes não poderia ser diferente.
Tanto no Teva quanto no Olivia antes da pandemia, nunca vendemos água sem gás. Nós oferecemos a água filtrada que vem da nossa torneira e deixamos de faturar um valor considerável. Eu não julgo os outros restaurantes porque é importante este faturamento, mas para nós não faz sentido. Nós temos isso como valor, não vendemos água sem gás, nós oferecemos gratuitamente. Para nós tem um custo pois pagamos a água, investimos no equipamento que faz a filtragem super especial, tem o tratamento que resfria. Nós não vendemos cerveja em garrafa, somente da torneira. Kombucha também é da torneira.
No Teva nós nunca quisemos fazer delivery por causa da quantidade de lixo que é gerado e com a pandemia não tivemos outro jeito e hoje fazemos, usamos embalagem biodegradável e compostável que é 5 ou 6 vezes mais cara que a que o mercado usa. O Olivia desde que começou já tinha a proposta de delivery no modelo de negócios porque é uma comida que viaja, mas nós nunca trabalhamos com lixo, foi sempre uma embalagem retornável e é uma embalagem que custa caro para nós. Nós até subsidiamos um pouco, a pessoa paga e depois ela devolva e não paga mais, mas também tem uma vida útil.
Estamos tentando aos poucos transformar esse mercado e fazer com que as pessoas entendam que não dá para consumir, consumir e continuar gerando lixo, plástico. Mesmo a embalagem de papel que é mais sustentável, na alimentação ela tem um plástico filme por dentro por causa da Anvisa para que ela possa permitir o contato com o alimento. Então ela não é reciclável. Usamos muito o vidro como embalagem. Eu tenho há muito tempo essa preocupação e eu já não como carne há 17 anos, mas fui me tornar vegano há 4 anos porque cada vez mais eu vou me transformando também e vivendo da maneira que eu acredito que deve ser. Eu vivi um tempo um pouco incoerente, todos temos as nossas incoerências, mas eu tento sempre ser o mais coerente possível e não consigo agir hoje de uma maneira diferente de como penso e como acredito. O Olivia e o Teva são reflexos disso também.
O Olivia tem toda uma preocupação ambiental e trabalha com pequenos fornecedores, fornecedores locais, 100% orgânico, uma preocupação em cuidar da saúde das pessoas, cuidar da equipe, não há como se falar de uma coisa isolada. Você não consegue cuidar só do meio ambiente e deixar a equipe, as pessoas, os clientes, os fornecedores de lado. Quem tem essa preocupação é como um todo e isso acaba refletindo no dia a dia. Todo dia tem uma decisão a ser tomada e todas elas são definidas em cima dos nossos valores e dos nossos pilares. O Olivia também se preocupa em transformar o comportamento das pessoas. Nós queremos trazer uma consciência para que as pessoas entendam que no nosso dia a dia nossas decisões são muito importantes e são impactantes.
Qual é o impacto que deixamos quando tomamos uma decisão? Que diferença faz quando vamos comer no restaurante A ou no B? A sustentabilidade está na moda mas quando você vai escolher uma comida ainda hoje em dia, você quer saber apenas que tipo de comida você vai comer: pizza, japonês, italiana, você ainda não se pergunta qual é a marca que tem um impacto melhor no mundo e no planeta. Ninguém pensa isso, mas esse é o papel do Teva e do Olivia. A experiência é incrível.
Tanto o Teva quanto o Olivia já nasceram com a ideia de serem empresas B. Logo no início já viramos “B pendente”. Você precisa de um ano de nascimento para poder certificar como empresa B e até um ano você pode ser um B Pendente e foi o que nós fizemos. Acredito que temos que somar forças e dar força para este movimento. Nós temos os nossos valores e eles já são de uma empresa B e é por isso que quisemos nos juntar a esse movimento. E não foi: “eu quero ser B, o que eu preciso?”, Não! Eu quero ser uma empresa que faça sentido para o mundo! E isso é equivalente a ser uma empresa B, que bom!
O Sistema B é um facilitador e embaixador das marcas tanto que estamos falando aqui porque eu sou empresa B. O Sistema B global tem um papel fundamental junto com outras empresas, Ongs e Associações de trazer essa conversa, essa pauta para a indústria, para a mídia e para a sociedade em geral e tem cumprido esse papel.
A transformação, a mudança de cultura são graduais e lentas. Acredito que essa transformação venha de atitudes e exemplos e não adianta apenas criarmos um planejamento de educação quando as pessoas que estão lá ensinando não tem essa cultura e esses valores.
Precisamos começar um processo cultural e de valores para que realmente transformemos. Tudo o que estamos falando parece o básico de respeito ao ser humano e ao planeta, mas nos perdemos, estamos andando seguindo o fluxo de olhos fechados.”