Pelo Professor Afonso Peche Filho, Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas.
Biodiversidade funcional refere-se aos aspectos da diversidade biológica que influenciam diretamente o funcionamento dos ecossistemas.
Isso inclui a variedade de espécies e suas características (atributos funcionais) que contribuem para processos ecológicos fundamentais, como intemperismo biológico, biodepuração, decomposição de matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, controle biológico de pragas e doenças,
polinização e resiliência, dentre outros mais complexos.
Em essência, a biodiversidade funcional se concentra mais na “função” das espécies em um ecossistema, em vez de apenas na contagem de espécies ou na diversidade taxonômica.
A agregação é uma das atividades ecossistêmicas dependentes da biodiversidade funcional. É um processo essencial que influencia na capacidade produtiva do solo, na sua estrutura, porosidade, capacidade de retenção de água e principalmente na resistência à erosão.
Os organismos vivos são os principais responsáveis pela agregação do solo. Atuam direta ou indiretamente na formação e estabilização dos agregados.
As raízes das plantas são responsáveis por criar agregados através da exsudação de substâncias que atuam como colantes, e pela força física de penetração e expansão no solo.
As raízes promovem a atividade biológica diversificada e são fontes de alimento. Os artrópodes, como formigas, cupins e outros pequenos insetos, trituram a matéria orgânica e misturam-na com o solo, ajudando a formar agregados.
Além disso, a construção de túneis e ninhos por esses organismos melhora a estrutura física. As minhocas são fundamentais na formação de
agregados estáveis. Ao ingerirem solo, misturam partículas minerais com matéria orgânica, e seus excrementos (túbulos) criam agregados altamente estáveis. As galerias que as minhocas constroem também contribuem para a aeração e a drenagem.
As bactérias produzem substâncias adesivas, como exopolissacarídeos, que ajudam a cimentar as partículas do solo, formando microagregados; suas atividades metabólicas podem alterar a química, promovendo agregação.
Os fungos, especialmente os micorrízicos, desempenham um papel crucial na formação de agregados. Eles produzem glomalina, uma proteína que contribui significativamente para a estabilidade dos agregados ao agir como um agente cimentante entre as partículas.
Os protozoários e nematoides controlam populações microbianas ao se alimentarem de bactérias e fungos, influenciando indiretamente a agregação, ao promover a atividade de microrganismos que produzem substâncias cimentantes.
As algas, especialmente as algas verdes e cianobactérias, contribuem para a agregação em ambientes úmidos ou em solos com alta umidade. Elas
produzem substâncias mucilaginosas que ajudam a unir partículas, formando microagregados.
A agregação do solo é a essência do manejo.
Crucial para manter a saúde do solo, ao melhorar a infiltração de água, reduz a degradação, promovendo um ambiente ideal para manutenção e desenvolvimento das plantas.
Organismos vivos desempenham um papel vital nesse processo, fazendo da preservação da biodiversidade do solo um elemento essencial para a sustentabilidade agrícola e a conservação produtiva dos agroecossistemas.
A figura abaixo mostra a lista esquemática dos organismos:

 

 

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