A primeira passarela circular e sustentável do mundo é brasileira, é inovação tecnológica por envolver um termoplástico de borracha da seringueira e é uma revolução para a indústria da moda, para o meio ambiente e para a saúde do consumidor

por Kátia Bagnarelli, exclusivo para Jornal Onews

A 6ª edição do BEFW (Brazil Eco Fashion Week), com o tema “CoCriar o futuro”, inovou o mercado da moda com a primeira passarela do mundo feita de jeans usado, numa iniciativa ancorada por empresas brasileiras com suporte de tecnologia inovadora que promete solucionar o grande problema da indústria da moda: os resíduos têxteis da produção e o descarte inadequado das roupas usadas pelo consumidor.

” Tudo começou com as Equipes Vasart, Tsong Cherng, Cotton Move e Therpol Sustainable Innovation quando desenvolvemos os vasos para plantas fabricados com polietileno, fibras de jeans recicladas e Therpol pela Vasart.

Há quatro meses Rafael Morais, José Guilherme Teixeira e Jonas Lessa, nos convidaram a desenvolver algo disruptivo para os desfiles do Brazil Eco Fashion Week, no Senac Faustolo Lapa, em São Paulo.

Com as mesmas equipes de criação dos vasos de plantas sustentáveis, e com a participação da Caprimar Eventos, desenvolvemos a primeira passarela com o uso de Fibras de jeans recicladas + Therpol + polipropileno.

A cor azul é natural do jeans, não há adição de pigmentos, assim, cada peça da passarela é única. O Therpol (Termoplástico de Borracha da Seringueira) compatibiliza as fibras de jeans e o polipropileno, além de aumentar a resistência à quebra do piso e ser antiderrapante.

Essa Passarela é 100% Circular”, nos explica Sidnei Nasser, o empreendedor brasileiro que desenvolveu a tecnologia Therpol, noticiada pela primeira vez ao Brasil pelo Jornal Onews.

 

A Equipe Therpol Sustainable Innovation trabalhou em 2022 no desenvolvimento de inúmeros projetos com atributos sustentáveis e disruptivos no pioneirismo do uso do Therpol, Borracha Natural Termoplástica, 100% reciclável.

Injetaram, termo formaram, sopraram e extrusaram os mais diversos tipos de resinas plásticas tais como PP, PS, PET, ABS, PE, PLA, PA, PMMA, PVC, bio-modificadas com Therpol.

Calçados, autopeças, embalagens, linha branca, agro, construção civil, jardinagem e moda são alguns exemplos de mercados onde o Therpol já está presente, transformando a história do Brasil como construtor de um mundo mais sustentável.

À esquerda passarela sustentável sendo montada na sala SENAC FAUSTOLO SP À direita tênis com solado em Therpol Abaixo à direita, os empreendedores Osmar, Sidnei e Caroline Nasser 

O fundador e gestor da Cotton Move, empresa especializada em soluções circulares para a indústria de Moda e Têxtil, é o idealizador da Plataforma Circular Cotton Move, que conta agora com um App.

Graduado em Moda com extensão em Marketing, tem mais de três décadas de experiência em desenvolvimento de produtos e gestão da cadeia de suprimentos na indústria têxtil nacional e internacional.

José Guilherme carrega um extenso legado no setor, ele é pioneiro em produções têxteis sustentáveis no Brasil e no desenvolvimento de produtos com atributos circulares feitos de algodão e “jeans”. “Lançamos o aplicativo da Plataforma em março, pouco tempo após sairmos de uma crise emocional e de negócios na pandemia.

À esquerda APP Plataforma Circular O fundador e gestor da Cotton Move, José Guilherme Teixeira

Em menos de um ano conseguimos dobrar o número de pontos de descarte e novos produtos no App, indo de 200 pontos para 430, nas cinco regiões do país.

Nesse tempo ampliamos também o volume de gerenciamento de roupas recolhidas nos coletores de pós-consumo, e a produção de tecido com fibras também resgatadas no pré-consumo.

Esse impacto foi possível por conta de nossa articulação com atores nas diferentes etapas do sistema produtivo da moda: indo das varejistas à indústria, produtores rurais, associações e hubs, até o próprio consumidor”, conta José Guilherme com exclusividade para a nossa redação.

Isabella Barbieri, gerente de marca e marketing na Arezzo&Co, em seu depoimento sobre o momento diz que na conclusão do ANO 1 da jornada carbono neutro de “Somos Alme” foram surpreendidos com um convite muito especial: integrar o hall de marcas que estão inspirando uma transformação na moda brasileira rumo a sustentabilidade no Brasil Eco Fashion Week – o mais importante evento de moda consciente do país.

Com orgulho compartilhou o resultado do projeto, desenvolvido com criatividade, ousadia, muita parceria e inovação, como descreve.

Matérias primas de baixo impacto ambiental, processos envolvendo impressão 3D em material biodegradável, acessórios desenvolvidos com germinados feitos a mão pelo talentoso time de estilo da Alme e um completo estilo de vida inspirador consolidado na passarela produzida a partir de jeans reciclados.

“Toda essa poesia visual para embasar o compromisso firmado pela marca que tenho a honra de liderar, que em 2021 e 2022 compensou 275 toneladas de CO2 na preservação da Floresta Amazônica”, enfatiza Isabella.

Ela lembra ainda que esse é o primeiro passo de uma caminhada rumo à transformação não apenas dos negócios, mas dos comportamentos das pessoas. “Que possamos aprender, educar e inspirar diariamente uns aos outros em busca de regeneração e harmonia com nosso planeta.

” Cyntia Watanabe Kasai, gerente executiva de ESG e Comunicação Corporativa da C&A Brasil falou sobre o The State of Fashion 2023, um relatório conjunto da The Business of Fashion e da McKinsey & Company.

“Ele, que está em sua sétima edição, reflete uma pesquisa aprofundada e inúmeras conversas com líderes da indústria, revelando as principais tendências que provavelmente irão moldar o cenário da moda no próximo ano.

Para 2023 a perspectiva não é tão boa. Segundo a análise da McKinsey, a inflação e as preocupações geopolíticas irão dominar a agenda, afetando negativamente tanto a demanda do consumidor quanto os custos operacionais das marcas.

Pós pandemia, os consumidores estão ajustando seus comportamentos e isso refletirá bastante no cenário do ano que vem. Durante os últimos dois anos, muitos tiveram que fazer escolhas para reduzir seus gastos e a moda foi um dos segmentos mais afetados.

Na contramão do restante da indústria, o setor de luxo continuará crescendo, pois os compradores ricos continuam a viajar e gastar e, portanto, permanecem mais isolados dos efeitos da hiperinflação.

O Relatório traz uma visão mais focada no mercado europeu, mas acredito que iremos perceber este reflexo no Brasil. Talvez agravado ainda pela mudança de governo e as incertezas que perduram no ar”, finaliza.

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