Tempo de excessos e a cultura do cansaço
Nos últimos anos, mais precisamente de cinco anos para cá, tenho notado no discurso dos meus pacientes uma certa repetição.
Esse fenômeno se deve, em grande parte, ao fato de vivermos sob muitos excessos em todos os aspectos, desde informações, coisas, sentimentos e emoções. Isso se traduz em cansaço.
Essa é a palavra! Interessante pensar que no século passado, que nem faz tanto tempo assim, vivíamos relativamente bem com menos informações porém com mais qualidade de vida.
O que tenho reparado é que a partir do momento que a tecnologia invadiu as nossas vidas, nossas casas, empregos e as nossas relações tudo tem se transformado.
A maneira como comunicamos, o quanto queremos falar e as possibilidades que se abriram a partir, inclusive, do livre e amplo acesso às redes sociais, por sua interação imediata, vivemos nos comparando com tudo e todos, de forma bastante inconsciente, diria, silenciosa. A indústria nos faz pensar que precisamos ter todas aquelas tralhas que são vendidas ininterruptamente e ofertadas a cada novo clique.
Como se não bastasse, sofremos muitas pressões pela beleza, saúde, status, relacionamentos, sucesso profissional e financeiro, entre outras mais.
Agora sim chegamos no ponto principal: essa miscelânea de coisas, questões, sentimentos e cobranças faz com que estejamos todos muito cansados.
Tenho reparado que boa parte dos meus pacientes têm trazido questões para o divã que retratam esse cansaço e que tem a sua origem nos excessos de toda ordem…
É muito importante que em meio a essa enxurrada de estímulos tenhamos a consciência de buscar diminuir e filtrar a quantidade de informações consumida diariamente na palma das nossas mãos através da tela de um celular.
Para isso não há necessidade de gastar nenhum centavo, basta que tenhamos mais consciência a medida em que temos a clareza das nossas necessidades, de tudo que é ofertado e o mais importante: daquilo que faz sentido para cada um de nós.
Essa é a fórmula, se é que posso dizer assim, para que tenhamos uma vida mais saudável do ponto de vista emocional uma vez que nosso consumo passa pela consciência de quem somos, o que queremos e para onde vamos com tanta, tanta, tanta “coisa”!
Reflita e ressignifique.
Até a próxima coluna!
Fábio Eroli
Psicanalista
@fabioeroli